segunda-feira, 29 de novembro de 2010

adeus.

"Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus."








Eugénio de Andrade

1 comentário:

  1. O mais difícil na apresentação oral deste poema não foi a interpretação, porque essa, eu sabia-a bem. O mais difícil foi olhar para cada um de todos e sentir que afinal estamos todos na mesma corrente e que acima de tudo já sentimos coisas idênticas. Por alguma razão todos me olhavam com os olhos brilhantes e por alguma razão todos quiseram o poema. Não o escolhi, mas percebi que foi dos melhores. Identificamo-nos todos com ele. Porquê? Porque somos humanos. Gostei bastante.

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